Êxodo Juvenil: Os do interior buscam oportunidades em Luanda. Os da capital rumam para Europa e Américas

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Em Angola, a migração de jovens para o exterior tornou-se uma tendência crescente, impulsionada pela busca de melhores condições de vida e oportunidades econômicas.

Este fenômeno é particularmente visível entre os jovens das zonas urbanas, que, desiludidos com a escassez de empregos e a precariedade habitacional, veem na emigração uma solução viável. Nas áreas rurais, a situação não é muito diferente, com muitos jovens migrando para as cidades na esperança de uma vida melhor, exacerbando o problema da macrocefalia urbana e contribuindo para o aumento da desigualdade social.

O governo angolano, em resposta a essa onda migratória, tem implementado medidas que dificultam a obtenção de passaportes, numa tentativa de controlar a saída em massa dos jovens. Em 2019, o custo para a obtenção do documento foi significativamente aumentado, uma medida que levou a protestos em Luanda. Além disso, o processo de emissão de passaportes se tornou notoriamente lento, com alguns cidadãos esperando até um ano para receber o documento.

Essas medidas, no entanto, parecem ter pouco efeito sobre o desejo dos jovens de buscar melhores condições no exterior. Muitos, mesmo aceitando empregos menos qualificados na Europa, preferem permanecer fora do país, atraídos pela estabilidade financeira e melhor qualidade de vida. O jornalista Marcolino Chiungue, falando a DW, destacou que a “fuga de cérebros” não só priva Angola de talentos essenciais, mas também agrava a situação econômica e social do país.

As consequências a longo prazo deste êxodo podem ser devastadoras. Angola perde uma parcela significativa de sua população em idade produtiva, o que pode retardar o desenvolvimento econômico e exacerbar os problemas sociais existentes. Além disso, a contínua emigração de jovens educados e qualificados diminui o potencial de inovação e crescimento do país.

Para verdadeiramente enfrentar este desafio, Angola necessita de uma abordagem mais holística que vá além da restrição de emissão de passaportes. Investimentos significativos em educação, saúde, e criação de empregos são fundamentais para reter os jovens. Uma política econômica que fomente a criação de empregos de qualidade, aliada a um robusto sistema de apoio social, poderia mitigar a necessidade de emigração e incentivar os jovens a construírem seu futuro dentro do próprio país. A realidade atual exige uma mudança urgente na política e na visão de desenvolvimento, focando em soluções sustentáveis e inclusivas que garantam um futuro promissor para a juventude angolana no seu país natal.

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