Através do Grupo Wagner Kremlin ganha acesso a minas de ouro mais lucrativas em África

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Sudão, República Centro-Africana (RCA), Líbia e Mali são exemplos das diferentes formas de atuação do grupo em África. Na RCA, segundo o embaixador russo, os “instrutores russos” apoiam as tropas governamentais na guerra civil de 1890.

Na Líbia, diz-se que cerca de 1200 mercenários combatem do lado da líder rebelde Chalifa Haftar.

No Mali, a junta militar – pró-russa e anti-ocidental – também trouxe, segundo observadores, centenas de combatentes do grupo Wagner, que são acusados de graves violações dos direitos humanos no país.

E no Sudão, atualmente assolado por conflitos violentos entre militares, também está presente um número significativo de mercenários do grupo russo.

Sudão: “Chave” da Rússia em África

Mas a presença do grupo Wagner em África vai muito mais longe, dizem os especialistas. “Ao longo do tempo, o grupo Wagner evoluiu para além dos serviços militares privados para uma teia de relações e negócios com empresas em vários países africanos”, disse à DW Julian Rademeyer, analista da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional (GIATOC).

No Sudão, já durante o Governo de Omar al-Bashir – deposto em 2019, após três décadas no poder – foram concedidas licenças de exploração de minas de ouro à empresa russa M-Invest, que acredita-se ser controlada pelo oligarca e chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin. O contrato de segurança das minas da M-Invest também está nas mãos do grupo Wagner.

“Wagner não é um exército, mas um grupo mercenário, que não tem existência legal, porque a Rússia em si mesma proíbe a existência de empresas militares privadas, mas de certa forma permite que empresas militares russas privadas operem fora da Rússia”, explica em entrevista à DW um representante do coletivo de pesquisa “All Eyes on Wagner” (Todos os olhos no grupo Wagner), que para a sua proteção é identificado pelo pseudónimo de Gabriel, explica.

Em 2017, Al-Bashir e Putin reuniram-se em Sochi para dar início a uma “nova fase” de cooperação. Al-Bashir prometeu a Putin que o Sudão poderia servir a Rússia como “chave para África” – e garantiu apoio militar em troca, o que acabou por não impedir o seu derrube, em abril de 2019.

Exploração de recursos

Os mercenários do grupo Wagner conseguiram aumentar a sua influência sobre os militares sudaneses. O governo militar procura o controlo sobre o Sudão a todo o custo, ao que tudo indica com o apoio de mercenários russos. Em troca, o Kremlin ganha acesso a minas de ouro mais lucrativas.

Várias reportagens já denunciaram que a Rússia está principalmente interessada em garantir o acesso às valiosas matérias-primas do país. Algumas chegam mesmo a referir que a Rússia está a “saquear” ouro no Sudão para impulsionar a guerra de Putin na Ucrânia. De particular interesse para a Rússia são também as jazidas de urânio.

O analista Julian Rademeyer vê o grupo Wagner principalmente como um instrumento militar do Kremlin para a crescente influência económica e militar da Rússia em África. O Sudão, diz, é apenas um dos muitos exemplos.

Fonte: DW

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