“Há tristeza no rosto da população, não há alegria”, diz um dos manifestantes

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A polícia angolana impediu uma manifestação que deveria ter início no cemitério de Santa Ana e prendeu três pessoas após serem entrevistadas pela Lusa no local, na periferia de Luanda.

Nas redes sociais circularam esta semana apelos a uma manifestação contra a fraude eleitoral no cemitério de Santa Ana, que, no entanto, não chegou a realizar-se, tendo sido detidas várias pessoas como a Lusa constatou no local, que se encontrava quase deserto por volta das 13:00, com exceção das viaturas e efetivos da polícia.

“Ninguém criou desordem, ninguém partiu para a agressão”

Pacheco Manuel, de 32 anos, deslocou-se até ao cemitério após tomar conhecimento da iniciativa pelas redes sociais:

“Como não poderia ficar indiferente ao que está a passar-se no país resolvi dar uma volta para ver como estão as coisas e não gostei do que vi. A liberdade das pessoas está a ser violada”.

“Não sei o que se passa com os dirigentes do nosso país, por um cidadão se fazer presente num local publico é logo preso. Nós estamos aqui a mostrar descontentamento com o nosso país e com a governação do MPLA”, criticou.

O cidadão salientou que “ninguém criou desordem, ninguém partiu para a agressão, ninguém destruiu bens públicos” e que as pessoas estavam ali “pacificamente”.

“O país está em paz, não há motivo de as forças de segurança intimidarem as pessoas, baterem, prenderem”, frisou, apelando à polícia: “Quando as pessoas querem manifestar-se deixem manifestarem-se, ninguém está a roubar nada a ninguém, estamos aqui a mostrar o nosso descontentamento com a governação do país”.

Eu sei que muitos estão descontentes, mas não param para dar entrevista, para falar porque têm medo de ser presos por nada. Não cometeu nada e vai preso”, indignou-se.

“Há tristeza no rosto da população”

Quanto a João Lourenço, que toma posse na quinta-feira, após umas disputadas eleições, cujo resultado não foi reconhecido pela oposição, disse não o poder felicitar. Motivo? “Porque não é o meu presidente”.

“Não me interessa nada o dia de amanhã, o povo está descontente, é só olhar para a cara das pessoas, há tristeza no rosto da população, não há alegria. Está a ver alegria?”, questionou Pacheco Manuel, dizendo que os próximos cinco anos “vão ser de sofrimento, é sempre a mesma coisa”.

“É só pedir a Deus que nos dê todos os dias o fôlego de vida, dormir e acordar. O resto, destes governantes, só se esperar na reencarnação”, desabafou.

Fonte: Lusa

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