E agora, quem está a gostar?

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Entre 2019 e 2020, emergiu nas redes sociais uma campanha apelando por uma mudança política nas eleições angolanas de 2022, direcionando críticas ao Presidente por supostamente não honrar suas promessas eleitorais.

Evoluindo de um apelo espontâneo para o movimento expressivo “JLO, em 2022 vais gostar”, o fenômeno viralizou, conquistando vasto apoio não só em Angola, mas além fronteiras. Luston Mabiala, em entrevista à DW, citava a inércia política do Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço em responder às necessidades elementares da população e cumprir suas promessas como impulso para sua participação no protesto.

Ao longo do tempo, a insatisfação se agravou. Passados 19 meses desde a reeleição de Lourenço, o país enfrenta uma deterioração social acelerada. Aumentos inesperados em taxas e impostos continuam a ocorrer sem a devida oferta de serviços essenciais, levando a sugestões de represália por parte do Presidente.

Pedro Abrão, um internauta, observa que o aumento no preço do gasóleo, junto com a mobilização das forças de segurança, denota a consciência governamental de um crescente descontentamento popular. As condições precárias de infraestruturas, a elevada taxa de desemprego e a extensa fome no país apenas exacerbam o alarmante quadro social, com um setor de saúde incapaz de atender às necessidades crescentes.

“O presidente não está a empenhar-se para cumprir as promessas eleitorais”, denuncia o ativista Moisés Albano, criticando que a luta contra a corrupção prometida se limitou a adversários políticos, tornando-se um instrumento para solidificar lealdades partidárias.

Acusações pesadas surgem contra João Lourenço, com alguns opositores rotulando-o como o pior líder na história presidencial angolana.

Internamente, dentro do MPLA, Lourenço almeja uma reformulação dos estatutos que poderia viabilizar um terceiro mandato. Contudo, analistas locais apontam que o processo tem encontrado obstáculos significativos, sugerindo que a intenção de Lourenço seria permanecer no poder para não deixar o país num cenário de crise econômica e tensão social.

Se o slogan “JLO, em 2022 vais gostar” era um alerta de que o Presidente teria seus dias contados no poder e que outro ator político assumiria a liderança do governo para atender às expectativas do povo, após o decorrer desse tempo, a pergunta retórica que permanece é: “E agora, quem está a gostar?”

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