A empresária é acusada de um total de 11 crimes relacionados com a sua gestão à frente da petrolífera estatal, entre 2016 e 2017.
Seis anos após a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola ter decretado o arresto preventivo das suas contas bancárias pessoais, Isabel dos Santos, ex-presidente da Sonangol, vai finalmente enfrentar julgamento. A empresária é acusada de um total de 11 crimes relacionados com a sua gestão à frente da petrolífera estatal, entre 2016 e 2017.
A instrução contraditória está marcada para esta quinta-feira, 22 de maio, sendo praticamente certo que o caso avançará para julgamento formal, dada a sua elevada carga política. Este processo poderá ser decisivo não apenas para apurar eventuais responsabilidades criminais, mas também para clarificar se Isabel dos Santos nutre uma real ambição política, eventualmente com vista a uma candidatura presidencial nas eleições de agosto de 2027.
O cerco da justiça angolana apertou-se consideravelmente em novembro de 2022, altura em que a Interpol emitiu um mandado de captura internacional contra a antiga gestora, que reside no Dubai desde 2020. Ainda que não seja expectável que compareça presencialmente em tribunal, é provável que continue a posicionar-se como figura da oposição ao Presidente João Lourenço.
O atual chefe de Estado angolano sempre apontou Isabel dos Santos como símbolo maior dos casos de corrupção ligados ao consulado do seu antecessor, José Eduardo dos Santos. O Ministério Público pretende agora sustentar esta narrativa, ao imputar à empresária crimes como burla qualificada, abuso de poder, abuso de confiança, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, entre outros.
Para além do seu impacto judicial, este julgamento poderá lançar luz sobre os reais desígnios políticos de Isabel dos Santos e clarificar se a empresária pretende de facto protagonizar um regresso ao espaço político angolano.