Resultado líquido do banco liderado por João Oliveira e Costa foi de 137 milhões de euros no primeiro trimetre do ano. A atividade em Portugal contribuiu com 98 milhões, um decréscimo face a 2024
Impacto negativo da descida das taxas de juro penalizou as contas do banco, que registou entretanto um crescimento de 5% no crédito e de 7% nos recursos de clientes – no entanto, salienta a instituição, o aumento do volume de negócios não conseguiu compensar o movimento das taxas de juro. Mas, salienta o CEO do BPI durante a apresentação de resultados que ocorreu esta manhã em Lisboa, “isto são boas notícias para as famílias e as empresas”, uma vez que a redução da taxa de juro “aumenta o rendimento disponível e incentiva ao investimento”.
João Oliveira e Costa garante que o BPI está pronto para enfrentar o atual ciclo de descidas de juro no mercado, e salienta que acredita que a taxa diretora deverá normalizar entre os 1,75% e os 2% até ao final do ano como, aliás, tem sido apontado pelo BCE – que mexeu, pela última vez, na taxa de referência no passado mês de abril.
O BPI apresentou, assim, um resultado líquido na ordem dos 137 milhões de euros entre janeiro e março deste ano, um valor que compara com os 121 milhões de euros registados em igual período do ano anterior – ou seja, uma subida de 13%. A contribuir para este resultado positivo esteve o dividendo do BFA relativo a 2024, no valor de 46 milhões de euros – o banco regista o dividendo apenas quando é aprovado pelos seus acionistas, realça a instituição.
A atividade em Portugal contribuiu, no trimestre, com 98 milhões de euros para este lucro, o que representa uma quebra de 13% face ao ano anterior, e um resultado que se justifica com “o repricing do crédito com indexantes mais baixos”, refere ainda o BPI.
BPI disponível para reduzir mais posição em Angola
O banco BPI está, como já tinha sido anunciado, a preparar-se para dispersar em bolsa 14,75% da sua posição no BFA, num IPO que deverá estar terminado no verão.
Depois desta operação, o BPI ficará, ainda, com cerca de 33% de participação no banco em Angola, que tem sido considerado uma das melhores do continente africano ao longo dos últimos anos.
“O BFA chegou a ser 90% do resultados do BPI e nós fizemos uma reversão disso. Hoje representa cerca de 7%”, salientou João Oliveira e Costa. “Nós temos de estar cada vez mais concentrados no mercado nacional e nas oportunidades que existirão aqui”. Portanto, esclarece, “ter 33% do BFA não é propriamente a nossa opção em termos de estratégia”.
A verdade é que “não temos ninguém nos orgãos de governo do BFA e não pretendemos ter ninguém. É uma participação puramente financeira, confesso que bastante rentável, mas após a realização desta operação (do IPO), temos de entender do lado do supervisor se estaremos num patamar de conforto. E se surgir alguém interessado numa maior participação no BFA, estamos diponíveis para analisar essa oportunidade”, referiu ainda.
O IPO, ou Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês, de 29,75% do BFA – 14,75% da posição do BPI BPI e o restante da atual posição da Unitel – deverá estar concluído durante o verão deste ano, afiança ainda o CEO do BPI. No entanto, João Oliveira e Costa garante que ainda não há um valor estipulado para esta operação – “ainda nem iniciámos o roadshow e não iria falar do valor aqui” – mas acredita que este poderá ser “acima do pricebook value em março”, que é de 95 milhões de euros, segundo Susana Trigo Cabral, administradora do BPI. Este valor é relativo somente “à participação de 14,75% do BPI”, salienta a responsável. Ou seja, o valor total do BFA, em março, rondaria os 600 milhões de euros, refere ainda Susana Trigo Cabral.
Fonte: Diário de Notícias